sábado, 24 de outubro de 2009

SOBRE FANTASIA E REALIDADE

O mundo é cheio de peripécias, cheio de armadilhas, algumas suspeitas, outras não, mas de fato não deixam de ser o que são...

Muitas coisas passam por nossa cabeça diante desse mundo, dessas armadilhas, até que encontramos alguma maneira de nos refugiarmos de toda essa realidade sufocante...respiramos enfim num mundo mais utópico, com um pouco mais de fantasia, um faz de conta mais agradável que não nos cobra ascenção social, tão pouco um talento especial, destaque...uma fantasia que apenas nos permite sonhar, brincar sem precisarmos nos importar com o que dirão, porque nesse maravilhoso mundo de utopias todos são semelhantes, estão na mesma linha, nos mesmos pensamentos, não há um julgamento.

Mas um dia esse mundo começa a ficar mais preto e branco, perde-se a cor, a realidade parece mais necessária, fugir do esconderijo sem prévias, sem avisos, simplesmente mergulhar nas águas reais e pisar firmemente com as plantas dos pés sobre a razão, saber onde está...

O mundo não será para sempre baseado no “era uma vez”, isso é bom e nos limpa de certa carga, de um peso que a sociedade e nós mesmos nos impomos dia após dia, mas não é a saída para tudo, há de acordar no dia seguinte e ver que está em um mundo de verdade, com pessoas reais, conversar com elas, divertir-se de maneira mais saudável, tornar ao planeta Terra e seguir em frente.

A fantasia ainda estará lá, pronta para você, mas não será mais a sua verdade, será o seu recanto de sossego e calmaria, ou seu momento de aventuras inimagináveis, o que quiser que seja, e isso sem que deixe de conviver na sociedade que te cobra, mas que faz cobranças justas, cobranças que te permitem ser íntegro, que regem leis subliminares nos olhos curiosos da vizinha, ou nos olhos ciumentos e “extra cuidadosos” de sua mãe, seja onde for, sempre haverão holofotes mirados em você, e essas luzes podem fazer mais que te atrapalhar, mas podem também iluminar o caminho para que siga em frente sem tantos tropeços...

Vão-se as fantasias, as histórias imaginárias, os seres de outro mundo, os antepassados, aqueles que chamamos poderosos, e os mais fracos, os demônios e humanos salvadores, vão-se os seres míticos, os sapos falantes, os príncipes encantados, as sacerdotisas poderosas com suas purificações e flechas extraordinárias, os lindos monstros que se apaixonam por garotas ainda mais lindas. Vão-se os contos de fada, e permanecem as pessoas, os amigos, aqueles que realmente importam, vão-se as brincadeiras divertidas do mundo imaginário e fica a realidade, que nem sempre divertida, ainda é a melhor parte, com seus conflitos, suas dificuldades, o ciúme, o cuidado, o carinho. Vai-se a mentirinha e fica a verdade, de críticas e intolerâncias, mas de conforto e sinceridade fiel. Fica a verdade do real.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O QUE É UM AMIGO?

Explicar o significado de algo tão importante é de uma dificuldade ambígua, é difícil por sua carga significativa, e fácil porque amigo é alguém tão especial que falar sobre torna-se simples. Ter um amigo de verdade é o equivalente a ter um Chuck Norris ao seu lado, é a pessoa mais incrível do planeta, que te defenderia de qualquer briga sem antes saber se está certo ou errado, o que se preocupa em saber se tem se alimentado direito, ou se tem saído o bastante para se divertir...
Um amigo pode ser tão ou mais importante que um irmão, já que leva vantagens sobre estes, os amigos nós escolhemos, os irmãos não, um irmão sabe de nossos defeitos por uma convivência obrigada, um amigo sabe porque nós contamos, além de uma série de outras coisas, como o fato de amarmos um irmão por ser nosso irmão, e amarmos um amigo por ser especial.
Ser magoado por um vizinho é ruim, você não gosta do que ouve e isso te machuca por cerca de 10 minutos, até a próxima distração, mas ser magoado por um amigo te deixa mal por todo o período entre ele perceber e se desculpar. Mas ainda pior do que ser magoado por um amigo, é magoar um amigo, com uma palavra mal colocada, ou uma brincadeira sem graça, daí então ficamos ruins até a hora em que temos certeza de que fomos perdoados, e ainda assim resta uma sensação de culpa.
A verdade é que um amigo é indispensável em nossas vidas, e todos esses momentos de diferenças são causados pelo medo e pela insegurança de perder alguém que nos faz tão bem. O amigo de verdade é aquele que tem o cosmos maior que o do Seiya, um cosmos que chega no 7º sentido de 0 a 1 segundo, só pra te salvar, é aquele que sabe como se sente só de ler o que escreveu, e que não tem necessidade de dizer que te ama o tempo todo porque isso fica implícito em suas atitudes e palavras, ele não é aquele que te ouve pacientemente, mas aquele que te ouve e dá sua opinião pensando no seu melhor e não no mais cômodo. Um amigo te suporta em seus momentos mais chatos, e fica feliz quando te vê feliz. Ele quer saber cada detalhe do seu dia, ainda que demore um século para descrever, dá a maior força pra que arranje alguém, mesmo sabendo que vai morrer de ciúmes depois, faz apostas incabíveis só para dizer um "eu te disse" daqui a alguns anos, o que te incentiva a ir a uma festa mesmo não indo a uma há bem mais tempo que você.
Não há palavras o suficiente para dizer o que é um amigo, ou o que ele nos representa, mas sempre haverão palavras para sintetizar algo tão grande quanto a amizade, como: carinho, respeito, cuidado, honestidade, fidelidade, sinceridade, autruísmo, diversão, preocupação, fraternidade e amor. Há amigos por quem nos colocaríamos na rota de uma bala, há amigo porque esperamos um dia inteiro para falar, ainda que seja só um "oi", ou saber como está.
Por mais que tentemos explicar, a amizade sempre será transcedental, um sentimento que vai além da nossa compreensão, a amizade é o que te faz ficar horas conversando sem se dar conta do tempo, é mais do que um sentimento, é um fato, um simples fato de ser ou ter um amigo, é saber que temos alguém em quem confiar, saber que há alguém que conhece seus defeitos, mas que dá tanto valor a suas qualidades que esses defeitos se tornam efêmeros e insignificantes, que te põe mais para cima que sua mãe, e te enxerga com olhos tão admirados que a vontade é de se enxergar com da mesma forma.
Mas há diferenças enormes entre um amigo e outro, diferenças que fazem toda a diferença, mas ainda assim, todos são amigos e sem falsa demagogia, uns mais vitais que outros, uns mais presentes que outros, e outros verdadeiros presentes em nossas vidas, que ainda que distantes, são os mais próximos, que não deixam quilômetros de asfalto e terra serem mais importantes que a proximidade causada e construída pela amizade, enfim, amigos são amigos, e ponto final.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A VERDADE É SELECIONÁVEL?

Andando pelas ruas ou navegando pelas páginas da internet, seja onde for, nos deparamos com uma série de diferenças, uma diversidade incrível de jeitos, manias, crenças...E cada uma dessas coisas com seu fundamento e explicação. Sendo assim, cada uma delas carrega a sua verdade e seu caminho para a felicidade. Até aqui tudo parece bem simples, mas qual a verdadeira significação para a "verdade", e até onde ela é flexível?
O dicionário nos diz que verdade é a conformidade com o real, algo verdadeiro, um princípio certo. Então se tomarmos como princípio certo o fato de a realidade ser uma só, não haverá diversidades a verdade. Mas o que torna algo simples tão complexo é o conceito de real e irreal, que não é comum a todos, ou seja, o princípio certo de um pode não ser certo para um outro. Partindo desse raciocínio, a verdade é flexível?
É possível que alguns concordem entre si, e que um grupo seja aliado a um outro por crer na mesma verdade, mas esse mesmo grupo pode discordar de outros que acreditam em "verdades" distintas. A verdadeira verdade, apesar de redundante, é aquela que não deixa margem para dúvidas, mas afinal, há uma verdade absoluta?
Podemos dizer que uma mentira contada por gerações assume carácter de verdade, ou que uma verdade desmentida encarecidamente pode tornar-se duvidosa. Mas o mais importante e encantador na verdade é a sua força de libertação. Então por que não dizer que o conhecimento é um sinônimo para a verdade? Portas se abrem a quem conhece, e conhecendo as variedades dessa possível "verdade", sabe-se melhor o que escolher. Respeitando a cada um, mas conhecendo o bastante para não ser levado a verdades mentirosas ou deixando passar as verdades desmentidas sem que realmente as conheça.
Um primeiro impacto sempre deixa muitas marcas, mas é interessante saber se elas são reais. Nem sempre o mais cômodo é o melhor, ou o mais difícil o mais valoroso, a intuição não é tudo, assim como a razão nem sempre é racional. Melhor do que saber o que se diz, é saber o que se ouve.

"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas" (Confúcio)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O TEMPO

Certo dia, enquanto ouvia aos ruídos constantes da máquina de lavar, pensamentos ainda mais ruidosos permeavam minha mente, eram quase duas da tarde e eu ainda não havia levantado, tais pensamentos penetravam meu cérebro com questões filosóficas e de provável "inexplicação". Foi quando vozes desconhecidas adentraram-me a consciência com zunidos que aos poucos comecei a compreender, pareciam acompanhar os movimentos da lavadoura...
_Não...vai...não vai...não...
É o que eles diziam sinuosamente, com suas pausas cheias de estraneza.
Finalmente levantei-me, era insuportável a ideia de ter vozes querendo guiar-me sem sequer apresentar-se. Fui ao café da manhã, deliciei-me como fosse rainha em um único pão francês, e finalmente pareciam terem sumido. Obtive sossego, pelo menos nos próximos cinco minutos, quando como suspiros elas retornaram, e paulatinamente iam-se tornando cascatas de águas à beira do feroz, rolando sem parar e batendo no fundo do meu crânio, vinham quase como cuspidas, por vezes jogando-se e saltando até as profundezas do meu abismo mental.
Cheguei a pensar na loucura, pensei ter ouvido além do que me disseram, mas elas, as vozes, eram transparentes, não pareciam esconder-se. Durante todo o tempo falaram sem parar, até que foram calando, dali a pouco tornaram-se apenas um fio d'água que escorria...
_Shiiii... - diziam como se pedissem silêncio.
De repente findaram, e um sonido singelo tomou seu lugar.
_Tic...tac...tic...
Era a última voz, e a cada som emitido por ela tive mais certeza de que certos questionamentos são incertos, senti-me como um coelho branco correndo em um mundo imaginário com um relógio enorme na mão direta, sem perceber o que estava ao meu redor, mas afinal, o que devemos fazer? Perder tempo pensando, ou pensar sobre a perda de tempo?!