quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O TEMPO

Certo dia, enquanto ouvia aos ruídos constantes da máquina de lavar, pensamentos ainda mais ruidosos permeavam minha mente, eram quase duas da tarde e eu ainda não havia levantado, tais pensamentos penetravam meu cérebro com questões filosóficas e de provável "inexplicação". Foi quando vozes desconhecidas adentraram-me a consciência com zunidos que aos poucos comecei a compreender, pareciam acompanhar os movimentos da lavadoura...
_Não...vai...não vai...não...
É o que eles diziam sinuosamente, com suas pausas cheias de estraneza.
Finalmente levantei-me, era insuportável a ideia de ter vozes querendo guiar-me sem sequer apresentar-se. Fui ao café da manhã, deliciei-me como fosse rainha em um único pão francês, e finalmente pareciam terem sumido. Obtive sossego, pelo menos nos próximos cinco minutos, quando como suspiros elas retornaram, e paulatinamente iam-se tornando cascatas de águas à beira do feroz, rolando sem parar e batendo no fundo do meu crânio, vinham quase como cuspidas, por vezes jogando-se e saltando até as profundezas do meu abismo mental.
Cheguei a pensar na loucura, pensei ter ouvido além do que me disseram, mas elas, as vozes, eram transparentes, não pareciam esconder-se. Durante todo o tempo falaram sem parar, até que foram calando, dali a pouco tornaram-se apenas um fio d'água que escorria...
_Shiiii... - diziam como se pedissem silêncio.
De repente findaram, e um sonido singelo tomou seu lugar.
_Tic...tac...tic...
Era a última voz, e a cada som emitido por ela tive mais certeza de que certos questionamentos são incertos, senti-me como um coelho branco correndo em um mundo imaginário com um relógio enorme na mão direta, sem perceber o que estava ao meu redor, mas afinal, o que devemos fazer? Perder tempo pensando, ou pensar sobre a perda de tempo?!

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